- Nº 2076 (2013/09/12)
Palco Solidariedade

Justa evocação <br> de Álvaro Cunhal

Festa do Avante!

Nas tardes e noites no Espaço Internacional, o Palco Solidariedade é, habitualmente, o pólo agregador de quem faz a festa. Este ano não fugiu à regra, com espectáculos de qualidade que surpreenderam e animaram os presentes. Por lá passaram Joana Guerra, Projecto Aparte, Clave de Lua, Chão de Feira, Carlos Vicente Trio, e os contangiantes Projecto Bug, Velha Gaiteira, Pas de Probleme e King Mokadi. Sublinhe-se, ainda, a homenagem prestada ao poeta e militante comunista Rafael Alberti.

Mas no ano em que se assinala o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, o destaque vai todo para um espectáculo inédito, produzido exclusivamente para o Palco Solidariedade do Espaço Internacional, intitulado «Música e Poesia com Paredes de Vidro». Homens e mulheres da cultura juntaram-se numa justa evocação da vida, pensamento e luta da personalidade que, no século XX e no início do século XXI em Portugal, mais se destacou na luta pela liberdade, a democracia, a justiça e a emancipação social, sempre ao lado dos explorados e oprimidos, sempre com o seu Partido de sempre, o PCP, pelo socialismo e o comunismo.

Carlos Canhoto, Fausto Neves, Joana Resende e Manuel Pires da Rocha desenharam o percurso musical do espectáculo, que iniciou com «A Internacional» e recuperou sons dos partisans e da revolução francesa, da Espanha republicana revolucionária e do Chile de Salvador Allende, e passou por Caxias, com o Hino obra colectiva feita pelos que o fascismo português ali encarcerou; que lembrou Zeca Afonso e, como não podia deixar de ser, desatou as vozes em uníssono com o «Avante camarada», terminando com a carvalhesa dançada a gosto.

Os actores Maria do Céu Guerra, Fernando Jorge, Sílvia Vasconcelos e Rui Damasceno recitaram o «Elogio dos Revolucionários» e «Homens que lutam um dia», de Bertolt Brecht, «A Lâmpada Marinha», de Pablo Neruda, «Porque», de Sophia de Melo Breyner, o «Avante Camarada», de Luís Cília, ou «Uma pequena Luz», de Jorge de Sena, nutrindo os presentes de acrescida confiança e determinação em prosseguir o exemplo de vida, pensamento e luta de Álvaro Cunhal, que, como diz o lema das comemorações do seu centenário, se projecta na actualidade e no futuro.

Hugo Janeiro